"A profundeza abissal da palavra declamada
ecoa nítida na linguagem abstrata
das mãos (gestos prontos),
e o atrito dos dias confunde as cicatrizes do tempo,
derramado sobre a mesa o poema
ignora nas pálpebras o pesadelo do sonho"

(Júlio Rodrigues Correia)





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31 de ago. de 2010


este ar que nunca vi
assola a terra
das velhas jaboticabas
que tudo se plantava com a mão
um quintal lembrado
tanto asfalto, tanto chão
concreto livre
não é mais telhado e nem quente
não é mais viçoso tronco
a cutucar o céu e água derramar
concretiza
que tudo se sepulta com a mão
deixando a alma um deserto
e nem sombra minha
é tão fria
como aquela fruta que morria
que ao pó foi levada
a um ar que nunca vi
concreto preso
à uma fome que tinha




cintia thomé






Foto Olhares

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